O ombro

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O ombro


Ele está para o braço assim como o quadril está para a perna. É a articulação básica, o ponto de ancoragem, o eixo primordial do braço. Ele representa os eixos conceituais profundos da nossa capacidade e da nossa vontade de ação e de supremacia. Os nossos braços carregam a trama inconsciente da nossa relação com essa ação e com essa vontade de supremacia sobre o mundo. A capacidade de agir, a “vontade voluntária”, os preconceitos, as intenções fazem parte da simbologia do ombro.
Logo, tudo o que diz respeito aos nossos desejos profundos de ação sobre alguma coisa ou alguém terá uma relação somática direta com ele. Assim como o quadril, o ombro é a porta da Integração, a porta do Não-Consciente mas só nesse caso, no que diz respeito à ação. O quadril, por sua vez, está ligado à relação. É nesse nível que os desejos e as vontades de agir emergem, saem, para se exprimir no real.
Aqui, essa imagem da “porta” é interessante pois o osso que une o acrómio ao peito (esterno) se chama clavícula, do latim clavícula, “chave pequena”. Ora, o ponto de ligação entre a clavícula e o esterno se situa justo sob o Chacra da garganta, que é o da expressão do eu. Essa consideração se torna ainda mais interessante quando refletimos sobre o fato de que o único meio de expressão do homem na sua encarnação é justamente o Jazer, a ação, e os ombros são a porta.

Os males do ombro

As tensões que sentimos nos ombros (acrómio, trapézio, clavícula, omoplata etc.) vão falar-nos da nossa dificuldade para agir. Elas mostram que encontramos ou sentimos que há um travão quando se trata dos nossos desejos de ação, particularmente no que diz respeito aos meios. Ou seja, nós nos sentimos “impedidos”, não por falta de capacidade mas por falta de assistência ou por oposições exteriores. Achamos que o mundo exterior (ou a nossa própria censura) nos impede, não nos deixa, não nos dá os meios ou, mesmo, não nos autoriza a agir. Logo, as energias não podem atravessar os braços e ficam bloqueadas nos ombros. Os “cérebros”, que pensam muito e agem pouco, podem confirmar tal fato, pois a maioria deles sente muitas dores no trapézio.
Se for no ombro esquerdo, a tensão está relacionada com a simbólica Yang (paterna), e se for no ombro direito, ela está relacionada com a dinâmica Yin (materna). Vou citar aqui o caso da Andrée, que me veio consultar sobre problemas de dores muito fortes no ombro esquerdo. Ora, ela estava passando por uma fase muito difícil por causa da sua filha. Bastante despreocupada, poderíamos assim dizer, a filha abriu uma sala de ginástica e de dança e, para tal, pediu que a sua mãe lhe desse suporte e caução financeira.
Infelizmente, a despreocupação e a crise económica rapidamente levaram-na a sofrer sérias dificuldades. Após vários meses, Andrée, que queria recuperar ou ao menos proteger o seu capital, queria que a filha parasse com essa atividade. Porém, legalmente, ela não podia fazer nada, pois não era a gerente do negócio. Também não conseguiu “agir” em relação à sua filha, ou seja, obrigá-la a encerrar as suas atividades.
Logo, ela se sentia “bloqueada” e não podia tomar atitude alguma, pois o mundo exterior (legislação, contratos, sua filha) a impedia, não deixava que o fizesse. Empresa, leis, contratos e filha (dinâmica Yin) acrescidos de impossibilidade, impedimento de agir (ombro) – estava tudo reunido para que o ombro direito ficasse bloqueado e fizesse Andrée sofrer, expressando “claramente” a mensagem e, ao mesmo tempo, permitindo que ela eliminasse a tensão sob forma de dor.
Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul
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