Drogas são drogas. Sejam
lícitas ou ilícitas, todas têm efeitos colaterais. Você nem imagina,
por exemplo, o que um simples colírio pode fazer.
Stael F. Pedrosa Metzger
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Há poucos dias vi uma reportagem
sobre um garoto saudável que ficou cego devido ao uso de um tipo de
colírio que se pode comprar sem receita em qualquer farmácia do Brasil. O
médico lhe receitou um colírio à base de corticóides. Corticóides são
hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais para diversas funções
reguladoras no organismo, entre elas, diminuir a ação das defesas
orgânicas que em excesso, causam alergias. No caso, os medicamentos à
base de corticóides são usados em processos alérgicos. São totalmente
lícitos. O garoto da reportagem sofria de conjuntivite alérgica, por
isso a prescrição médica.
Quando prescritos por um médico e utilizados da forma correta, os medicamentos apresentam menos efeitos colaterais. No caso do paciente acima, ele usou além do tempo prescrito pelo médico e mais vezes do que o necessário, causando o glaucoma (aumento da pressão ocular) e a cegueira.
Medicamentos
É sempre bom lembrar que os médicos estudam cerca de 8 anos (6 de curso e 2 de residência) para medicarem. Esses profissionais conhecem a farmacocinética, ou seja, o trajeto que o medicamento faz pelo organismo, que órgãos ele afeta, sua absorção, ação e eliminação que é o tempo que o organismo leva para se livrar do fármaco. Por isso só o médico pode determinar de quanto em quanto tempo deve-se tomar a dose, se por via oral ou não, e a quantidade de medicamento para se evitar uma intoxicação, efeitos colaterais indesejados, além dos fatores metabólicos (idade, peso, estado de saúde geral, se fumante ou não, etc). Cada fator destes altera a ação do medicamento no organismo. Por isso não se deve compartilhar medicamentos ou tampouco tomá-los por conta própria sem colocar em risco a vida de outros além da própria. Um exemplo: proibida em diversos países a dipirona (novalgina, anador, buscopan, etc.) pode causar problemas cardíacos, circulatórios e dependência. O AAS (doril, aspirina, melhoral) é anticoagulante e pode piorar casos de hemorragias, além de ser totalmente contra-indicado em caso de dengue.
Drogas lícitas comuns
Qualquer droga produzida e que tem uso permitido por lei é chamada de droga lícita. Entre essas se incluem o cigarro e as bebidas alcoólicas. Também neste grupo estão as anfetaminas (medicamentos inibidores do apetite), produtos à base de cafeína (café, chocolates, refrigerantes) e os ansiolíticos (calmantes).
Embora não sejam proibidos por leis, a letalidade (risco de morte) do álcool, do cigarro e das anfetaminas é conhecida pela maioria das pessoas.
Álcool e cigarro
Figuram no topo da letalidade entre as drogas lícitas. Causam dependência, várias doenças, como câncer, ataques cardíacos, cirrose hepática e são grandes responsáveis por um alto índice de mortalidade por causas evitáveis.
Anfetaminas e cafeína
Estão no grupo das drogas estimulantes. As anfetaminas foram usadas primeiramente na segunda guerra mundial para manter os soldados acordados, diminuir a fadiga e controlar o apetite. Atualmente caminhoneiros usam-nas para dirigirem por longas horas (o chamado "rebite"). Uma de suas variantes é a droga "Ecstasy", conhecidamente perigosa e proibida por lei. Embora durante o uso causem sensação de bem-estar e de se estar no controle, quando o efeito passa, a pessoa se sente deprimida, tem taquicardia (aceleração do coração), pensamentos obsessivos e impulsos suicidas. Por isso a necessidade de outra dose, causando assim a dependência. A caféina é estimulante do Sistema Nervoso Central, causa dependência, taquicardia, dores de cabeça, perda de cálcio nos ossos e estudos indicam que está relacionada à doença fibrocística (caroços nas mamas).
Ansiolíticos
Os benzodiazepínicos (Rivotril, Diazepan, Lexotam, Frontal, etc.), embora só possam ser adquiridos com receita médica especial (azul), são amplamente utilizados por quem nunca passou por um psiquiatra. Benéficos para os ansiosos, os que têm dificuldades para dormir, os dependentes de drogas em tratamento, os medicamentos desse grupo devem ser usados estritamente por pacientes para os quais foram indicados, nas doses indicadas e somente para o fim específico a que se destina. São utilizados para relaxar, causar sedação e como anticonvulsivantes. Seus efeitos colaterais incluem dependência, falta de concentração, problemas motores, náuseas, distorções visuais, impotência sexual, entre outros.
Drogas ilícitas
São aquelas proibidas por lei de serem produzidas e comercializadas. As mais conhecidas são maconha, cocaína, crack, ecstasy, LSD, inalantes, heroína, barbitúricos, morfina, anfetaminas, ópio, entre outras. Embora isso mude de um país para outro, há um consenso mundial sobre seus efeitos deletérios no organismo. Existe controvérsia no caso da maconha (canabis sativa), já que a mesma embora considerada droga ilícita é permitida em muitos países e até usada como medicamento para dor, náuseas e vômitos em caso de câncer, Aids, esclerose múltipla, etc. Porém ainda em estudos, já que seus efeitos colaterais danosos são amplamente conhecidos.
As consequências das drogas ilícitas são: problemas cardíacos, circulatórios (inclusive trombose), derrame cerebral, necrose cerebral, insuficiência renal, depressão, alterações nas funções motoras, perda de memória, disfunções sexuais e respiratórias, câncer, convulsões e morte por overdose.
Além das consequências físicas existe a degradação pessoal, emocional, social, a dissolução familiar, enveredamento pelo crime e o sofrimento tanto do dependente quanto da família.
É importante lembrar que a maioria das drogas e até medicamentos (analgésicos, por exemplo) sendo lícitos ou ilícitos podem causar dependência. No entanto, as dependências são tratáveis. Procure um médico. Ajude quem você ama a se tratar.
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