A testosterona decresce com a idade. Há menos desejo, há menos
energia sexual do que a mesma pessoa tinha na maturidade. Homens que querem
manter um desejo alto e um desempenho de quando eram mais jovens buscam
tratamento e medicamentos. O êxito de medicamentos como o Viagra revela essa disposição.
Um tratamento cuja popularidade cresce rapidamente é chamada de “Low
T”, um tratamento que aumenta a testosterona. A indústria medico-farmacêutica tem
investido nesse mercado que deverá movimentar cinco bilhões de dólares em 2017.
A testosterona está relacionada com o câncer da próstata, mandando
sinais para as células. Mexer com ela requer cuidado. A testosterona tem muitas
funções e os problemas cardíacos dobram no início dessa terapia, segundo uma
pesquisa, e não aumenta, segundo outra. Nós, pacientes, ficamos perdidos.
Porém, há uma pesquisa com camundongos publicada em Endocrinology que
gera preocupações. Maarten Bosland, professor na Universidade de Illinois
testou o efeito da “Low T” em camundongos. Trabalhou com diferentes grupos, um
exposto a carcinogênicos; outro recebeu testosterona, mas não carcinogênicos, e
o terceiro grupo recebeu os dois. Mediu o crescimento dos tumores nos grupos,
concluindo que nenhum exposto apenas aos carcinogênicos desenvolveu câncer da próstata,
mas entre 10% e 18% desenvolveram no grupo que só recebeu a testosterona. Os expostos
aos dois mostram um efeito sinergético: entre 50% e 71% desenvolveram o câncer da
próstata.
Pesquisas com camundongos são somente isso, pesquisas com
camundongos, cujas conclusões não podem ser automaticamente aplicadas a seres
humanos, mas dão um sinal de alerta. O crescimento do mercado para tratamentos
com doses baixas de testosterona significa que haverá interesses em testar e
retestar resultados de pesquisas como essa, com seres humanos, além da prudência
médica e científica, caso elas confirmem esses primeiros resultados.
GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ
http://psacontrol.blogspot.com.br