Dois compostos presentes na canela, especiaria usada com 
frequência, por exemplo, em muitos doces tradicionais portugueses, podem
 desempenhar uma função crucial na prevenção do desenvolvimento da 
doença de Alzheimer. A conclusão é de uma equipa de investigadores da 
Universidade da Califórnia - Santa Barbara (UCSB), nos EUA.
 
De acordo com o estudo desenvolvido pelos cientistas daquela 
instituição universitária, que será publicado no Journal of Alzheimer's 
Disease, o cinamaldeído (composto oleoso responsável pelo sabor e odor 
da canela) e a epicatequina (um fitonutriente com forte poder 
antioxidante) têm potencial para se constituírem como uma solução para o
 combate a esta doença neurodegenerativa. 
 
Segundo Roshni George e Donald Graves, investigadores responsáveis 
pelo estudo, os compostos em causa conseguem prevenir o desenvolvimento 
dos "emaranhados" filamentosos que aparecem nas células do cérebro e que
 são encontrados em excesso nos pacientes com Alzheimer, sendo uma das 
principais caraterísticas da patologia.
 
Estes "emaranhados" estão normalmente associados a uma proteína, a 
tau, que tem um papel importante na estrutura dos neurónios, e que, 
quando não funciona apropriadamente, "tem tendência a agregar-se, 
formando fibras insolúveis nas células neuronais", o que contribui para o
 aparecimento da doença.
 
"À medida que envelhecemos, ficamos mais susceptíveis a este 
problema e os pacientes com Alzheimer desenvolvem estas agregações de 
tau com mais frequência e em maior quantidade", explica George, 
estudante de doutoramento na UCSB, em comunicado divulgado pela 
universidade.
Compostos protegem cérebro do stress oxidativo
 
Compostos protegem cérebro do stress oxidativo
É aqui que 
entra a potencialidade do cinamaldeído: os investigadores 
norte-americanos concluíram que o composto da canela é eficaz na 
prevenção destes "nós" dados pelas proteínas, já que, ao protegê-las do 
chamado stress oxidativo, inibe a sua agregação.
 
"Imaginemos que estamos a falar de uma queimadura solar. Se usarmos
 um chapéu, podemos proteger a nossa cara e cabeça da oxidação. Neste 
sentido, o cinamaldeído funciona como uma espécie de boné", ilustra 
Graves, professor de biologia molecular, celular e do desenvolvimento.
 
Já a epicatequina, que, além da canela, está também presente em 
alimentos como os mirtilos, o chocolate e o vinho tinto, pode ser 
importante por ser um antioxidante poderoso, desempenhando uma função 
semelhante à do primeiro composto ao interagir com componentes da 
proteína tau de forma e "sequestrar" os elementos que podem levá-la a 
apresentar um comportamento fora do normal.
 
Embora ainda haja "um longo caminho a percorrer até perceber se 
[estes benefícios] funcionarão em humanos", alerta Graves, a canela e os
 seus compostos poderão permitir que seja dado um passo significativo na
 luta contra o Alzheimer.
 
De realçar que estudos prévios tinham já dado conta do potencial 
destes compostos no controlo dos níveis de glicose no sangue em 
pacientes com diabetes (outra doença em que o stress oxidativo é comum).
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo, denominado "Cinnamon Extract Inhibits Tau Aggregation Associated with Alzheimer’s Disease In Vitro" (em inglês).
 ~Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo, denominado "Cinnamon Extract Inhibits Tau Aggregation Associated with Alzheimer’s Disease In Vitro" (em inglês).
Roshni George e Don Graves descobriram que determinados compostos presentes na canela conseguem prevenir os "emaranhados" de proteínas que ocorrem em excesso no cérebro dos pacientes com Alzheimer © UCSB

 

