Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os mais comuns são
os de pulmão, mama, colo-retal, estômago e fígado, que juntos respondem
por quase metade dos novos casos de câncer que surgem no mundo a cada
ano. Mas o que é essa doença que assusta tanta gente? O câncer pode
aparecer em praticamente qualquer parte do corpo, quando uma célula
sofre mutações e passa a se dividir descontroladamente. Essas células
doentes são capazes de induzir a formação de novos vasos sanguíneos para
se alimentar e, quando atingem a fase chamada metástase, usam esses
caminhos abertos para se espalhar pelo resto do corpo.
A letalidade do câncer, ou seja, sua capacidade de matar, depende de
vários fatores. "Primeiro, das características do próprio câncer, como a
rapidez com que ele cresce e invade tecidos e órgãos", diz o biólogo
molecular Roger Chammas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP). Além disso, a letalidade depende da capacidade que cada
organismo tem para reagir e combater a doença. Por fim, pesa também a
existência de algum tipo de tratamento eficaz. "O câncer de testículo,
por exemplo, que já foi letal, hoje apresenta até 95% de chances de
cura", afirma Roger. Atualmente, os especialistas têm investido em duas
grandes áreas em busca de uma cura definitiva para a doença. Uma linha
de pesquisa aposta na tentativa de cortar o suprimento de sangue do
câncer, matando as células doentes por falta de alimentos. Outra
trabalha com a idéia de estimular o sistema imunológico do paciente,
ajudando o organismo a reconhecer as células cancerosas para
eliminá-las.
Inimigo ocultoA doença pode se espalhar por quase todo o corpo e muitas vezes de maneira silenciosa
PULMÃO - O mais perigoso
Com 1,2 milhão de novos casos a cada ano, esse é o tipo de câncer mais
comum e também o que mais mata no mundo. Ele é perigoso porque
geralmente surge acompanhado de outras doenças associadas ao cigarro,
como o enfisema, que diminui a capacidade pulmonar e pode tornar
inviável uma cirurgia, tratamento recomendado em casos de câncer de
pulmão não avançado. Os principais sintomas são tosse, escarro com
sangue, dor no tórax, falta de ar e inflamação nos brônquios. Noventa
por cento dos casos são causados pelo tabagismo, vício que atinge um
terço da população mundial adulta.
MAMA - Problema nacional
É o câncer que mais mata mulheres no Brasil. No mundo todo, surgem
cerca de 1 milhão de casos anualmente. A incidência aumentou dez vezes
nas décadas de 60 e 70, mas a letalidade foi reduzida graças às
campanhas de prevenção, que permitiram diagnósticos mais precoces da
doença. O auto-exame, os exames clínicos anuais e as mamografias
freqüentes podem reduzir a mortalidade das mulheres propensas ao
problema, principalmente após os 50 anos. Com exceção do aspecto
hereditário, não se conhecem bem os fatores de risco para o câncer de
mama, mas é possível que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas seja
um deles.
COLO-RETAL - Sintomas tardios
Esse câncer, que atinge a região do intestino grosso e do reto, é o
terceiro tipo mais comum no mundo, com 940 mil novos casos por ano. Nos
Estados Unidos, é o segundo câncer que mais mata, depois do pulmão. Os
principais sintomas são diarréia, prisão de ventre, gases, dor na região
do abdômen, náuseas, vômitos e emagrecimento. É causado principalmente
por dietas com alto teor de gordura, consumo de carne, obesidade e
sedentarismo. Os sintomas geralmente só aparecem em estágios mais
avançados, o que torna esse tipo de câncer bastante letal.
ESTÔMAGO - Dieta de risco
Em termos de incidência, é o quarto tipo mais comum no mundo, com 870
mil casos por ano. Mas é o segundo que mais mata. Isso porque seus
sintomas não são específicos: perda de peso, fadiga, falta de fome,
vômitos, náuseas e desconforto abdominal. O resultado é que muitas vezes
a doença passa despercebida, até entrar em estágio avançado, quando a
cura é bem mais difícil. A dieta é o maior fator de risco,
principalmente a ingestão de alimentos conservados no sal ou defumados, o
que torna o câncer de estômago mais freqüente em países pobres, onde o
uso desse método de conservação muitas vezes substitui a geladeira.
FÍGADO - Evolução assustadora
Quinto colocado em incidência (com 560 mil novos casos anuais), é o
terceiro que mais mata. Geralmente está associado ao alcoolismo e à
hepatite B e C, mas a doença também pode ser provocada pelo consumo de
grãos mal armazenados, nos quais crescem fungos que produzem toxinas
cancerígenas. Os principais sintomas são dores e inchaço no abdômen,
náusea, falta de apetite e pele amarelada. Esse tipo de câncer se
desenvolve muito rápido, podendo duplicar de tamanho em apenas quatro
meses. O fígado também é alvo comum de outros cânceres, que entram em
metástase e se espalham pelo corpo.
MELANOMA - Raro, mas temido
O melanoma é um câncer pouco incidente. São cerca de 130 mil novos
casos por ano, o que corresponde a só 5% de todos os casos de câncer de
pele do mundo. Mas, apesar de raro, ele é muito letal. Como a doença
surge como uma pinta na pele, ela muitas vezes é ignorada, sendo
diagnosticada tarde demais. Outros cânceres menos frequentes e perigosos
são o de pâncreas, que não apresenta sintomas evidentes, e o chamado
"linfoma de não hodgkin", que ataca células nos gânglios e pode se
espalhar rápido pelo corpo.
100 mil novos casos por ano no mundo
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