Diante
da manifestação de um problema de saúde, a pessoa se pergunta: como
posso resolver essa questão? Na maior parte das vezes, as soluções que
são propostas agem na periferia do problema e não nas suas causas.
Assim, alguém que tenha obesidade procura orientação no nutricionista,
no médico, numa revista e sai desses encontros pensando em soluções
rápidas e deterministas: coma mirtilo e sementes de linhaça que
resolverão seu problema! O que acontece em sequência? A pessoa gasta uma
fortuna com as tais dicas alimentares e com o tempo percebe que não
resolveu sua grande questão. Pode chegar a questionar o tratamento, o
terapeuta, a veracidade das informações, pode desanimar com qualquer
tratamento.
Por
que isso não funcionou? Por que a obesidade que essa pessoa manifesta é
resultado de uma série de desequilíbrios, tanto alimentares quanto
psico emocionais. É preciso ir mais fundo, nas raízes que sustentam
aquele certo modo de se viver.
Edgar
Morin, filósofo eminente, já citava a complexidade da realidade e dos
fenômenos. Cada fenômeno possui em seu interior um conjunto de causas
que se reuniram para que existisse à sua percepção. E, da mesma forma, a
maneira como lidamos com o fenômeno determinará múltiplas consequências
na sua realidade futura. Temos liberdade a cada instante, a cada
momento uma atitude de cura pode ser abraçada e mesclada com nosso olhar
perate a vida.
Soluções deterministas não funcionam para problemas complexos
Na
saúde, devemos usar a contemplação da complexidade. Nossa situação de
bem-estar ou de sofrimento físico e mental é dependente de muitas causas
e produzirá muitas consequências a cada instante. Devemos evitar
soluções simplificadas e deterministas para resolver algo tão complexo.
Então, não é um alimento que, se ingerido, vai resolver minha obesidade.
Não
é um remédio que vai desfazer toda minha confusão e dor. Não é um
sorriso e carinho alheio que curará toda fragilidade emocional que
sinto. Usar a visão da complexidade é tomar conta que cada pequena ação
de corpo, da nossa fala e da nossa mente é um ponto no tecido da nossa
realidade à frente. Se agirmos tomando um remédio, balanceando nossa
alimentação como um todo, sendo mais positivos em nossas relações, aí
sim, esse conjunto de atitudes terá um bom resultado.
O
papel dos processos terapêuticos é o de questionar nossas crenças,
abalar as estruturas, fazer-nos vislumbrar e nos empolgar com um novo
modo de ser e agir. Só há possibilidade de mudanças quando conseguimos
“morrer” para certas expressões do nosso ego e das nossas identidades.
Acredito
na sinergia de processos de cura. Alimentação saudável e
individualizada, yoga, meditação, homeopatia/alopatia e acupuntura podem
atuar mais rápido e com mais profundidade caso sejam tomados em
conjunto sobre um mesmo corpo-mente. Mas qual é o elemento guia em todo
fortalecimento da saúde? Um forte desejo de vida e geração de benefícios
aos outros e a nós mesmos.
Um
elemento é fundamental: precisamos romper e abandonar nossas tendências
remotas de achar soluções simplistas para problemas complexos. Como
seres humanos são complexos em essência, seus processos de cura devem
ser tomados em várias frentes concomitantemente.
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