Bem amigos, resolvi escrever sobre este assunto, pois tenho grande preocupação acerca de tudo o que de rotina literalmente “colocamos para dentro” do nosso corpo diariamente, desde alimentos até os cremes que compramos nas farmácias. Sim, você leu certo, cremes cosméticos, inclusive os protetores solares que são comercializados, praticamente TODOS possuem substâncias que não deveriam, mas são absorvidas pelo corpo humano e portanto, se forem danosas são capazes de provocar uma infinidade de alterações em nosso organismo. Não estou dizendo que não devemos usar, mas que você deveria prestar mais atenção nestes detalhes importantes para pelo menos fazer as escolhas corretas. Eu sou um pouco mais prático no que diz respeito a este assunto: ou estudo o que realmente contém nas formulações dos cosméticos, ou não aplico em mim e principalmente não indico aos meus pacientes. E não tenho dúvidas de que se cada médico que trata de estética, se conscientizasse disso, conseguiríamos diminuir boa parte das doenças que são de fato ativadas diariamente por elementos tóxicos.
Mas vamos então aos cosméticos: em suma, nem sempre o que o
marketing vende corresponde à realidade; saiba o que vai dentro dos
cosméticos.
DANAE STEPHAN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A indústria brasileira descobriu há alguns anos o poder que o apelo
natural exerce sobre a venda de cosméticos. A busca por produtos menos
agressivos ao organismo e ao ambiente é uma tendência mundial, e seria
de se esperar que o Brasil, com sua biodiversidade, fizesse parte desse
movimento. O problema é que, enquanto nos países desenvolvidos esse
crescimento se dá por marcas certificadas, muitas orgânicas, por aqui o
que mais se vê nas prateleiras são falsos naturais: têm rótulos
apelativos, embalagens recicláveis, nomes sugestivos e até ingredientes
da Amazônia. Já as fórmulas pouco diferem das convencionais. Mesmo que
contenham os ativos descritos nas embalagens (os extratos de açaí,
cupuaçu e pitanga são os da moda), isso não significa que eles sejam
naturais. As concentrações de óleos essenciais e extratos naturais são
normalmente muito baixas, e o restante da fórmula inclui corantes,
conservantes e outros ingredientes que impossibilitam sua classificação
como natural. Isso quando o “contém frutas vermelhas” do rótulo não se
refere ao aroma artificial das frutas, e não ao extrato natural”, diz
Fernando Lima, dono da Florestas, marca nacional de cosméticos
orgânicos. Estudos alertam sobre a periculosidade de determinadas
substâncias largamente usadas em cosméticos. Os mais polêmicos hoje são
os PARABENOS, o TRICLOSAN e o LAURIL SULFATO DE SÓDIO.
O óleo mineral, derivado do petróleo, já esteve na berlinda, mas como
as pesquisas nada concluíram, continua sendo usado em óleos de banho e
hidratantes, inclusive infantis.
O primeiro especialista a levantar os riscos dessas substâncias foi
o médico Samuel Epstein, no livro “Unreasonable Risk” (inédito no
Brasil). Ele considera os parabenos, por exemplo, carcinogênicos
escondidos. Ou seja, “não provocam câncer, mas estimulam uma divisão
celular anômala em indivíduos com predisposição a desenvolver a doença”,
diz a engenheira química especializada em cosmetologia Sonia Corazza.
As pesquisas na área são esporádicas, e muitos componentes nunca foram
estudados a fundo. Outros foram testados em animais, com resultados
preocupantes, mas não em humanos. Outros estudos ainda relacionam certas
substâncias ao câncer ou a má-formação fetal, mas se usados em doses
muito maiores do que a encontrada em cosméticos.
Para fabricantes, isso prova a segurança dos produtos. Para os ativistas, a ciência está desconsiderando um fato importante: eles são usados diariamente, e em grandes quantidades.
“Uma pessoa normal usa no mínimo dez cosméticos todos os dias”, afirma o
professor de cosmetologia Mauricio Pupo, formado pela PUC-Campinas.
“Ninguém sabe ao certo o que essa exposição diária pode causar”. Os
cosméticos que ficam em contato com a pele são ainda mais preocupantes.
“Depois de oito horas, 60% dos parabenos são absorvidos. Se o hidratante
contiver uréia, essa absorção é potencializada”, diz. Mesmo
substâncias reconhecidamente seguras, como o dióxido de titânio (um
filtro solar físico), não estão livres de problemas. “Ele é extremamente
tóxico, mas, como é usado superficialmente, não representa perigo.
Porém, com a nanotecnologia, ele é reduzido a um tamanho que permite sua
absorção pela pele”, diz Sonia Corazza. “Na dúvida, prefiro os
feitos à base de óxido de zinco.” Eu já faço diferente, manipulo SEMPRE e
coloco exatamente o que conheço e sei que não poderá me prejudicar.
Aliás, não prejudicará a mim, minha família e meus pacientes!
ESTÁ TUDO NO RÓTULO
Veja quais são os ingredientes mais polêmicos presentes nas fórmulas, e por que evitá-los:
Parabenos- conservantes usados em mais de 90% dos
cosméticos. São quatro os mais comuns: butil, etil, metil e
propilparabeno. Além de serem altamente alergenos, apresentam
propriedades estrogênicas, ou seja, se comportam como um hormônio
feminino. Estudos os associam ao aumento de câncer de mama.
Lauril sulfato de sódio- principal componente de
xampus, causa irritação na pele e tende a ser contaminado com
1,4-dioxane, um provável carcinogênico. Também aumenta a absorção de
outras substâncias.
Triclosan- bacteriostático usado em desodorantes,
enxaguantes bucais e alguns sabonetes íntimos femininos. Está sendo
apontado como um carcinogênico escondido. Ou seja, pode aumentar a
probabilidade de uma pessoa pré-disposta desenvolver câncer.
Óleo mineral- a exposição a altos níveis de óleo
mineral em indústrias está relacionada a doenças de pele como eczemas,
acne e dermatite, além do desenvolvimento de cânceres no caso de
exposição respiratória. Em cosméticos, são usados em concentrações muito
menores, por isso são considerados seguros. Aumentam o risco de reações
alérgicas.
Uréia- um dos hidratantes mais utilizados em
cosméticos, não é indicado para gestantes, porque atravessa a
placenta.Todos os produtos com concentração maior do que 3% do ativo
devem conter um alerta às gestantes.
Diazolidinyl urea- conservante usado em cremes e xampus doador de formol, substância potencialmente cancerígena.
QUEM É QUEM
Nem todo natural é orgânico, e nem todo orgânico é hipoalergênico. Conheça as diferenças:
Naturais - são compostos basicamente por óleos
essenciais e extratos naturais. Não podem ter conservantes artificiais,
óleo mineral, parabenos ou qualquer substância sintética.
Orgânicos - precisam ter o selo de uma
certificadora. A Ecocert é bastante rigorosa e tem boa aceitação no
exterior. Para conseguir a certificação, os cosméticos têm que ter pelo
menos 95% de ingredientes orgânicos.
Hipoalergênico- é comum achar que cosméticos
naturais provocam menos alergias, mas isso não é verdade. Entre as cerca
de cem substâncias mais alergenas e irritantes, várias são naturais. É o
caso dos óleos de bergamota, citronela e coco e até da manteiga de
cacau. Os hipoalergênicos passam por testes mais rigorosos e não contêm
substâncias reconhecidamente alergenas e irritantes, como os parabenos e
o propilenoglicol.
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(*) Reportagem da Folha de São Paulo de 25 de outubro de 2008. Cabe
lembrar que essas questões não nenhum pouco novas. As questões ligadas à
segurança dos cosméticos em função de um grande número de produtos
químicos artificiais já é alvo de preocupação há vários anos na Europa
principalmente. O emprego, por exemplo, de xeno-estrogênios (produtos
que tem ação semelhante aos hormônios femininos já é de preocupação e
ações de controle em muitos países. O Canadá por exemplo, baniu as
mamadeiras de plásticos. Muitos brinquedos produzidos com plásticos
estão proibidos na Europa, (só para citar dois exemplos).
Sobre o problema com os cosméticos em geral conheça o site: http://www.nottoopretty.org/
Resumindo, se você que está lendo é médico e trabalha com estética,
muito cuidado ao receitar cosméticos aos seus pacientes. É preferível
não receitar nada a estar lhe causando males à saúde! Se você não é
médico, procure um profissional para lhe orientar, pois o que plantamos
hoje, colhemos com toda certeza em nosso futuro. Tenho convicção de que o
aumento do câncer e de todas as doenças degenerativas é multifatorial e
absolutamente evitável, basta que façamos um esforço mínimo e que
tenhamos conscientização de que nós somos os responsáveis diretos pelo
que apresentaremos em nosso futuro. Não adianta buscar tratamentos para a
doença, porque muitas não têm solução definitiva. Devemos e temos como
evitar e esta decisão está literalmente em nossas mãos.